Marie Castro se juntou a mais 40 artesãs, durante três dias, para confeccionar malhas e enfeites feitos de tricô, crochê, bordado e costura em alguns dos principais pontos turísticos de Pomerode, em Santa Catarina. Para tecer os trabalhos foram usados 200 mil metros de fio, equivalente a 900 novelos. O conceito, conhecido mundialmente como yarn bombing, propõe intervenções artísticas em locais públicos utilizando artes manuais. A iniciativa faz parte do festival Sonnenfest & Kinderfest, que celebra a Primavera e fica em exposição até o dia 12 de outubro. Conversamos com Marie, que faz parte do time de artesãs da Círculo S.A, que promove a intervenção, para saber mais sobre o evento.
O que significa o conceito do yarn bombing?
O conceito de yarn bombing é misturar arte de rua (tipo grafite) com artes manuais como o crochê, tricô e bordado. Pode tanto ser trabalho em ambientes mais urbanos (que acredito serem os lugares que esse tipo de arte faz mais sentido), mas também pode ser usado para decorar a natureza e acrescentar um ponto de vista diferente sobre um local.
Qual a importância dessas intervenções na cidade?
Existe a importância estética, que realmente acaba sendo a mais visível, como também a importância social. As intervenções representam uma voz, muitas vezes pode estar ligada a um protesto e, em cidades mais interioranas, pode representar toda a cultura de um povo e sua história sendo contada com cores, agulhas e formas.
Como elas afetam as pessoas que participam e as que passam pelas obras?
Os depoimentos de algumas pessoas atingidas pela arte do yarn bombing são sempre incríveis! Muitos comentam sobre estar num dia ruim ou monótono e conseguir melhorar o senso de humor e a percepção de um local por causa de uma intervenção nesse estilo. Atinge pessoas de etnias, crenças, idades e classes diferentes; cada uma percebendo as coisas sob seu ponto de vista. Além do que, as interpretações nunca são iguais.
Qual a importância desses movimentos para as artes manuais como o crochê e o tricô?
Acho que tem um caráter de dar uma nova roupagem a essas técnicas antigas e até mostrar uma nova interpretação. Esse mundo do feito à mão é superplural e cada vez mais estamos abrindo caminhos para nos expressar através das linhas e agulhas. Acredito que no geral possa até atrair um público que não necessariamente produz esse tipo de trabalho, mas que gosta de ser tocado pela arte.