Conhecida por diversos trabalhos e atuante na parte de produção, pesquisa, preparação e direção de elenco, Vanessa atuou em diversas obras exibidas pela televisão brasileira e acredita que os palcos possibilitaram seu olhar  apurado. Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, celebrado neste sábado, 8, conheça Vanessa Veiga.

Confira a entrevista:

1. Como foi o começo da sua carreira? Como funcionam os bastidores do meio artístico? 

“Eu fiz escola profissionalizante de teatro e me formei aos 17 como atriz. Sei que o fato de ter me preparado antes foi o que me possibilitou ter o olhar apurado que tenho para tudo o que diz respeito ao meu ofício. Sobre os bastidores, posso dizer que há uma engenharia muito organizada de profissionais que amam o que fazem, seja em que segmento for. Eu não sei o que é mais bonito: o que é entregue ao público ou o amor de uma equipe por trás das cortinas, trabalhando para que tudo dê certo”.

2. Você vê alguma diferença nas áreas de pesquisa e preparação de elenco?

“Não há uma diferença porque uma atividade precisa da outra para acontecer. Nós – diretores de elenco – somos os profissionais que apresentamos os talentos para os projetos. Depois de escolhidos, estes são entregues para a preparação da obra. Porém, antes da aprovação, ainda em estúdio de testes, é o diretor de elenco quem aponta os caminhos para que o ator apresente o melhor de si em um teste. Eu amo todas as etapas deste processo, sem preferências”.

3. Como funciona o processo de direção de elenco? Existe algum critério específico?

“Nosso trabalho precisa ser sempre pensado e adaptado para cada projeto. E, cada um possui suas especificidades. Posso dizer que tudo começa a partir da leitura do texto. Assim, pensamos nos talentos que melhor se adequam aos personagens que precisamos encontrar. Se houvesse um padrão, não seria um trabalho artístico. A arte é livre e é exatamente essa liberdade que possibilita grandes achados e lançamentos de novos talentos”.

4. Qual foi o trabalho mais surpreendente da sua carreira entre TV, teatro e cinema?

“O mais surpreendente sem dúvida alguma foi uma novela que tive a honra de escalar em Angola, no ano 2000 (Reviravolta TPA). Na minha primeira manhã em Luanda, ouvi da janela do hotel uma canção gospel. Meu amigo Alexandre Guimarães estava no quarto ao lado e também correu até a janela, como eu. Fomos ao pátio da igreja e aquele foi o meu primeiro dia de pesquisa. Resumindo bem, foi um dia de evento jovem e eles fizeram apresentações individuais. Lá eu conheci o Cabingano Manuel, um menino muito talentoso que convidei para os testes. Ele foi aprovado e hoje, 25 anos depois, ele é um grande apresentador de TV do país. Tenho muito orgulho deste trabalho e boas memórias das pessoas incríveis que lá conheci”.

Vanessa Viega fala sobre empoderamento e a importância da profissão – Reprodução/Divulgação

5. Em todos esses anos de experiência, você enxerga alguma mudança significativa em relação aos padrões de beleza na produção artística?

“A grande verdade é que o público quer se reconhecer nas telas. Percebo que há sim uma mudança positiva na busca por montagens de elenco mais realistas, inclusivos e diversos. Todos ganhamos com isso, sem dúvida alguma”.

6. Quais são os maiores desafios ao criar papéis relacionados ao empoderamento feminino?

“Creio que hoje não haja tantos desafios quanto haveria se estivéssemos em 1980. As personagens femininas estão mais interessantes e desafiadoras. Não aceitamos mais uma dramaturgia que coloque a mulher em lugar de submissão. Sempre fomos empoderadas. Ninguém calará mais nossas opiniões e posicionamentos no mundo. Seja na vida ou seja na ficção”.

7. Como foi participar dos bastidores da escolha do elenco de “Beleza Fatal”?

“Foi um presente maravilhoso, sem dúvida. Estive cercada de parceiros profissionais de longa data, egressos da TV Globo, como eu: Maria de Médicis, minha diretora amada, André Reis, meu gestor maravilhoso, Mônica Albuquerque, chefona poderosa, além de uma equipe imensa de mulheres fortes da MAX e o timão da Coração da Selva, produtora competentíssima que realizou a novela”.

8. Você acredita que também foi uma figura importante para o sucesso da novela justamente pela participação ativa na escolha do elenco?

“Sem modéstia, sei do valor do meu olhar como pesquisadora e diretora de elenco. Dar “corpo” aos personagens criados pelo Raphael Montes foi um prato saborosíssimo a ser degustado. O elenco foi montado em conjunto, com discussões construtivas e muito afeto. O resultado só poderia ser este que vemos: potência pura. Posso dizer que estamos muito felizes e orgulhosos por isso”.

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