Atriz e cantora Thais Piza revela inspirações e opina sobre espaço feminino no teatro: ‘Longo caminho’

Dona de um talento inconfundível, Thais Piza tem se destacado nos palcos da vida. Além de sua carreira como cantora, Thais é um dos maiores nomes femininos do teatro musical brasileiro. Já conhecida por trabalhos marcantes, como nas peças “We Will Rock You” e “Escola do Rock”, a artista teve sua primeira grande protagonista ao dar vida à Vivian Ward, no musical “Uma Linda Mulher”, adaptação do filme de mesmo nome, clássico de 1990.
Piza sempre viveu mulheres fortes e impactantes, combinando a ousadia de sua voz com grandes mensagens, seja na música ou nas próprias personagens. Atualmente, a atriz se prepara para a estreia da peça “Uma Babá Quase Perfeita”, no Teatro Liberdade, em São Paulo, inspirada no longa-metragem homônimo de 1993, dando vida à Miranda.
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Seu atual papel é a coprotagonista da peça, sendo o par romântico de Daniel Hillard, que vive também a babá e será interpretado por Eduardo Sterblitch. Sendo a mulher central da peça, Thais revela, em entrevista exclusiva para a Manequim, que sempre leva um pouco de suas inspirações pessoais para as personagens. Confira o bate-papo completo a seguir:
Thais, como você acredita que o poder feminino tem se manifestado nos palcos dos musicais nos últimos anos? Quais mudanças você observou na representação das mulheres no teatro?
“Sinceramente, acredito que, apesar de existirem muitas peças que discutem temas como machismo, misoginia, preconceitos e até mesmo as relações entre mulheres — como ‘King Kong Fran’, ‘A Cor Púrpura’, ‘Tina’, ‘Três Mulheres Altas’, ‘Wicked’ e outras — ainda temos um longo caminho a percorrer até alcançarmos o “sonho dourado” nos bastidores. Tenho notado mudanças significativas, especialmente em como nos sentimos um pouco mais respeitadas e protegidas, inclusive por lei. Contudo, assim como em praticamente todas as áreas de trabalho, as mulheres ainda podem e devem ser mais respeitadas e valorizadas”.
Quais personagens femininas marcaram sua carreira e por quê? Há algum papel que você tenha interpretado que acredita ter sido especialmente empoderador?
“Recentemente, interpretei personagens totalmente diferentes. Uma delas foi Vivian Ward, de ‘Uma Linda Mulher’, uma prostituta que sonha e consegue deixar para trás a vida que levava, provavelmente a prostituta mais famosa do mundo por ter lançado a carreira de Julia Roberts. Também fiz a Barbara Maitland em ‘Beetlejuice’, uma dona de casa que se rebela apenas depois de morrer — o que pode ser visto como uma ironia. Atualmente, estou interpretando a Miranda Hillard, no musical ‘Uma Babá Quase Perfeita’, que é, sem dúvida, uma das personagens mais fortes, pois encarna o estereótipo da mãe que faz de tudo e mais um pouco pela sua família”.
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“No entanto, a Oz em ‘We Will Rock You’ foi especialmente importante em termos de empoderamento, pois ela é a única que faz o que quer e sente, sem medo de julgamentos, sendo uma verdadeira guerreira rebelde e boêmia”.
Como mulher no teatro, você já enfrentou desafios relacionados ao seu gênero, seja na escolha de papéis ou na dinâmica de poder dentro do meio artístico?
“Sim, infelizmente. E mais infelizmente ainda quando vindo de outras mulheres. Conheço colegas que enfrentaram situações muito mais graves do que as que eu vivi, como importunação sexual, algo que eu nunca passei — embora seja importante lembrar que todo e qualquer tipo de assédio e desrespeito deve ser considerado”.
O estilo de vida de uma artista é muitas vezes desafiador, especialmente em um ambiente competitivo como o teatro. Como você equilibra a vida pessoal e a profissional, especialmente sendo mulher?
“Sinto-me muito sortuda por pertencer a um grupo de mulheres (e sim, estou ciente de que nem todas as mulheres que atuam no meio vivem essa mesma experiência) que transformou a competição pessoal em uma pauta do passado. Embora eu saiba que persista, procuro fazer de tudo para que se torne insignificante em comparação aos desafios maiores que enfrentamos, tentando colaborar para que nos mantenhamos unidas e lutando profissionalmente pelos papéis que desejamos, sem maiores rivalidades entre nós além do profissional”.
Quais mulheres são suas inspirações? Você leva um pouco delas para os seus trabalhos?
“São tantas! Porém, no momento, assim como o Brasil inteiro, estou To-tal-men-te viciada na Fernanda Torres“.
O que você vê como o principal desafio das mulheres atualmente? Qual mensagem você deixaria para as mulheres neste dia 8 de março?
“Acredito que as pautas mais relevantes atualmente ainda incluem a luta por salários mais justos se equiparados aos dos homens em todas as áreas, bem como por respeito ao expressar nossas opiniões, ideias e dores”.
“Recentemente, criei um grupo de mulheres cantoras no WhatsApp que me mostra, dia após dia, como somos mais fortes quando estamos unidas, portanto essa sempre será minha mensagem: juntas, temos mais força!”.
A peça “Uma Babá Quase Perfeita” estreia no Teatro Liberdade, em São Paulo, no próximo dia 12 e os ingressos podem ser adquiridos clicando aqui.