Inspirado no conhecidíssimo filme de 2005, “Meninas Malvadas – O Musical” finalmente chegou em São Paulo. A estreia da adaptação teatral da Broadway aconteceu no último dia 13 de março e se estende até o final de junho.

A atriz, cantora e dubladora Lara Suleiman, dá vida a Janis Sarkisian, personagem que  na adaptação do filme para os palcos, ganha mais destaque e se torna uma das personagens favoritas do público pelo seu jeito sarcástico, criativo e claro, muito rebelde. No decorrer do musical, ela adota um estilo alternativo e uma postura crítica às convenções sociais do colégio, trazendo à tona temas como aceitação, amizade e auto expressão.

Em entrevista exclusiva, a atriz fala sobre estar vivenciando uma personagem tão querida pelo público e também, conta sobre as expectativas na carreira. Veja!

Confira detalhes

1. O que mais te atraiu no papel de Janis Sarkisian? Você já se via conectada com a personagem de alguma forma?

“Sempre fui muito fã do filme ‘Meninas Malvadas’, e quando o musical estreou na Broadway, fiquei com uma vontade imensa de participar algum dia. Eu e a Janis compartilhamos muitas semelhanças nas personalidades e escolhas de vida, mas o que mais me atraiu em interpretar a personagem foram, sem dúvida, as músicas. Elas são desafiadoras, mas têm o estilo e o registro que eu adoro cantar”.

2. Interpretar Janis em um musical é muito diferente de como ela é retratada no filme. Como você adaptou o personagem para os palcos?

“No palco, tudo precisa ser maior do que no cinema, e isso foi um grande desafio ao interpretar a Janis. Ela é uma personagem mais reservada, um pouco anti-social, com reações certeiras, mas ao mesmo tempo sutis. O difícil foi equilibrar essas características com o “exagero” que o teatro exige, mas eu já havia enfrentado esse tipo de desafio antes, ao interpretar a Wandinha em A Família Addams e a Lydia em Beetlejuice. Para isso, optei por gestos que ajudassem a transmitir sua introspecção, como cruzar os braços ou colocar as mãos no bolso, enquanto me concentrava em colocar toda a emoção no texto e na voz”.

3. Janis tem uma personalidade bem única e irreverente. Como você consegue equilibrar os momentos de humor com os de vulnerabilidade da personagem?

“Os momentos de humor da Janis são sutis e sarcásticos. Acredito que os momentos de vulnerabilidade são os mais desafiadores para a Janis, pois ela criou uma ‘carcaça’ de mulher durona, bem resolvida, que não se abala facilmente, para esconder os traumas mal resolvidos que carrega. Por isso, precisei encontrar um equilíbrio entre a máscara que ela projeta e o que ela realmente sente”.

Lara Suleiman em “Beetlejuice”, “Meninas Malvadas” e “Uma Babá Quase Perfeita” – Reprodução/Divulgação

4. No filme, Janis é uma espécie de “outsider” no grupo. Você acha que essa sensação de não se encaixar é algo universal? Como você explora isso na sua performance?

“Com certeza, acredito que nós, como seres humanos, somos muito complexos e, dependendo do ambiente, é fácil sentir que não nos encaixamos. A Janis se sente à vontade com Damian e na mesa dos ‘loucos das artes’, algo que tenho em comum. Eu me sinto em casa com meus amigos do teatro, mas, quando encontro meus amigos da escola, há um certo afastamento. Embora os conheça há muitos anos, todos seguiram caminhos mais convencionais, principalmente no trabalho. No começo, me sentia estranha, mas depois percebi que todos nós somos diferentes, e essa é a graça da vida e das relações”.

5. Como você faz para que a personagem fique sempre atualizada até para o público mais jovem?

“Na verdade, acredito que, infelizmente, a história ainda é muito atual e a personagem da Janis reflete a realidade de muitas garotas.  Ainda existem muitas Reginas George, que se consideram superiores às outras garotas, muitas Cady Herons, que mudam suas personalidades para se encaixar em grupos, e, sem dúvida, muitas Janis que enfrentam situações traumáticas de humilhação e reagem de maneira exagerada, manipuladora e vingativa, por não saberem como lidar com esses sentimentos”.

6. Depois de viver Janis no palco, como você se sente sobre o legado da personagem?

“A Janis é uma personagem com muitas camadas, e cada uma delas nos ensina algo diferente. Ela começa como uma adolescente imatura, cheia de sede de vingança pela ‘traição’ que sofreu da ex-melhor amiga, Regina George. Quando ela se vê em uma situação semelhante com a nova amiga, Cady, decide reagir de outra forma: ao invés de se vingar, prefere se afastar e focar na amizade verdadeira com Damian. É nesse processo que Janis descobre uma grande força interna de aceitação e autoconfiança, aceitando quem realmente é”.

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