A ditadura do cabelo liso finalmente acabou! Agora, a ordem é valorizar a beleza natural. Mas uma rotina de anos de alisamento químico pode tornar refém do babyliss, aplique ou megahair quem quer ter os cachos de volta, já que, durante o processo de transição capilar, o fios apresentam mais de uma textura. A alternativa, nesse caso, é optar pelo big chop (BC) – corte de toda extensão alisada. Na série O Dentista Mascarado, de 2013, Taís Araújo adotou o cabelo joãozinho, bem curtinho, para recuperar a ondulação natural dos fios. Um ano depois, na novela Geração Brasil, ela já exibia cachos na altura do pescoço.
Para algumas mulheres, o BC marca o início da transição capilar. Para outras, o fim. “Eu alisava o cabelo desde os 11 anos. Por causa do excesso de química os fios começaram a mofar e fui obrigada a cortar”, conta Lellêzinha, atriz e dançarina do Dream Team do Passinho. Quem tem receio de adotar o look curtíssimo pode modernizar o visual com tiaras e lenços, por exemplo. “Eu me sentia feia. Então, quando começou a crescer, fiz luzes e ganhei estilo”, diz.
Produtos que removem resíduos químicos não restauram os cachos, especialmente os que foram alisados com amônia. “Os cosméticos ajudam, mas não eliminam a necessidade do corte”, afirma Danilo Andrade, cabeleireiro do House of Beauty. Não quer radicalizar o visual de uma vez? Pare de alisar, espere o cabelo crescer um pouco, até poder fazer um penteado simples, e só depois corte a parte quimicamente tratada. “O coque é versátil, pode ser usado em diferentes ocasiões e disfarça bem a diferença de texturas”, sugere o especialista.
Enquanto os fios apresentarem características diferentes, é possível disfarçar usando um cosmético específico para modelar os cachos com as mãos. “Se preferir, use difusor ou chapinha para igualar o cabelo, mas aplique protetor térmico, para evitar o ressecamento. Bem cuidado, o cabelo pode crescer até 1 centímetro por mês”, destaca Andrade.
Lellêzinha alisava o cabelo desde os 11 anos até que os fios começaram a mofar. Então ela fez o BC e voltou a exibir seus cachos naturais
Rotina de cuidado:
• Corte o cabelo a cada três meses. “E sempre com os fios secos”, diz Alessandra Carelli, do Studio dos Cachos. A orientação de um especialista que possa indicar o corte ideal para deixar cada tipo de cacho definido e com volume adequado é indispensável.
• Use xampus e condicionadores sem sulfato e petrolatos, para preservar elementos naturais que hidratam os fios. Quem pratica low poo e no poo exclui essas substâncias da rotina.
• Durma com touca ou fronha de cetim para diminuir o frizz.
• Hidrate semanalmente os fios. “Escolha um creme sem parafina líquida e deixe-o no cabelo por 30 minutos”, sugere a cabeleireira.
• Utilize secador sempre com difusor. “Assim o ar sai ‘espalhado’ e não estraga os cachos”, recomenda Alessandra.
O que é low/ no poo?
Ambas as técnicas caíram no gosto das cacheadas após serem divulgadas no livro Curly Girl (garota encaracolada, em tradução livre), da cabeleireira americana Lorraine Massey. Quem pratica low poo (pouca espuma, em tradução livre) exclui da rotina de beleza xampus com sulfato e petrolatos (parafina líquida, óleo mineral e vaselina), agentes altamente limpantes que podem agredir a fibra capilar e ressecar ainda mais os fios encaracolados, que já têm essa característica. Com a popularização da técnica, alguns cosméticos com agentes de limpeza de caráter leve ganharam a identificação “low poo” na embalagem. Condicionadores, cremes de hidratação e para pentear também não podem ter substâncias agressivas. As adeptas do no poo (nenhuma espuma), por sua vez, não usam nenhum tipo de xampu. A ideia é evitar também os silicones insolúveis. Elas lavam o cabelo com condicionador.
O cabelo cacheado é mais seco do que o fino, o que dificulta a chegada dos lipídios produzidos pelo couro cabeludo – que hidratam naturalmente os fios – à extensão do cabelo. Eles ficam mais tempo concentrados na raiz. Xampus altamente limpantes removem totalmente os lipídios, que podem ser benéficos aos cachos.